Ao usar este site, você concorda com a Política de Privacidade e os Termos de Uso.
Accept
Informe Curitiba
Facebook Like
Twitter Follow
Instagram Follow
Informe CuritibaInforme Curitiba
Pesquisar
  • Principal
Follow US
© Foxiz News Network. Ruby Design Company. All Rights Reserved.
Câmara

Pirata Zulmiro: pesquisador destaca legado cultural para Curitiba

20 de março de 2025
Pirata Zulmiro: pesquisador destaca legado cultural para Curitiba
Compartilhar

A Tribuna Livre da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) abriu espaço, na sessão desta quarta-feira (19), à história do pirata Zulmiro, radicado no bairro Pilarzinho, em 1829. Diretor do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná (IHGPR) e pesquisador do tema há 21 anos, o escritor, economista e empresário Marcos Juliano Ofenbock destacou os preparativos para a expedição arqueológica em busca de um tesouro perdido há quase 200 anos, escondido pelo bando do corsário britânico na Ilha da Trindade, no estado do Espírito Santo.

Contents
De Francis Hodder a Zulmiro: quem foi o pirata de CuritibaTesouro do Pirata Zulmiro deve ser destinado a museus

O espaço democrático de debates da Câmara Municipal foi reservado por proposição de Eder Borges (PL). O vereador explicou que Ofenbock foi o responsável por comprovar a existência de Zulmiro. Ele comparou a história do pirata Zulmiro a “um conto de fadas real”. “Trata-se de um grande patrimônio cultural de Curitiba e que o mundo está prestes a descobrir.”

“Está em curso a realização de uma expedição arqueológica pelo Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, em colaboração com a Universidade Federal do Paraná. Esta é a Universidade Federal do Paraná que nos orgulha, a primeira universidade do Brasil que vem fazer parte deste grande projeto”, completou Borges.

“O Pirata Zulmiro era uma lenda urbana de Curitiba e, graças a essas pesquisas de 21 anos, eu desvendei toda a história”, sinalizou o convidado da Tribuna Livre. “Eu chego a brincar que o tesouro já foi encontrado, o tesouro é a história que foi resgatada. Claro que nós estamos organizando uma expedição arqueológica, eu volto neste ano novamente para a Ilha da Trindade, com um arqueólogo e um geólogo, vamos em busca da materialidade da história, que, tudo indica, está na Ilha da Trindade, mas a história é o tesouro, este é o verdadeiro patrimônio da nossa cidade”, contou Ofenbock.

O pesquisador afirmou que a chancela do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) à expedição será importante para dar ainda mais repercussão à história. “Eu imagino que semana que vem nós protocolamos o projeto. […] Quem trabalha com construção, com engenharia, sabe a dificuldade que é aprovar um projeto no Iphan, imaginem aprovar um projeto de escavação de uma ilha vulcânica no meio do Oceano Atlântico. Muitas pessoas duvidavam da gente, que nós conseguiríamos, e o Iphan sinalizou só uma pequena correção, vão aprovar o projeto”, antecipou.

De Francis Hodder a Zulmiro: quem foi o pirata de Curitiba

Autor de três livros sobre a história do Pirata Zulmiro, Ofenbock baseou as pesquisas numa série de documentos antigos, como jornais dos séculos 20 e 21 e certidões de casamento com uma ex-escrava, a Rita de Tal, de nascimento dos quatro filhos do casal e de seus óbitos. Até um tataraneto do pirata foi localizado.

Com o nome de batismo de Francis Hodder, o corsário nasceu em Cork, na Irlanda, por volta de 1798. Em Curitiba, também usou o nome de João Francisco Inglez. Zulmiro viveu na região onde hoje fica a Universidade Livre do Meio Ambiente até falecer, já viúvo, em 1889.

“O tesouro veio de um galeão espanhol que foi roubado, em 1821, por um bando de piratas e foi escondido na Ilha da Trindade”, contou Ofenbock. O tesouro seriam as relíquias da Catedral de Lima, como madonas e baús de ouro, retiradas da cidade peruana por comerciantes espanhóis, durante confronto dos colonizadores com tropas britânicas.

O convidado da Tribuna Livre relatou que os piratas responsáveis pelo roubo foram presos e enforcados em Havana (Cuba), mas um deles, o capitão russo Zarolho, conseguiu escapar e “entregou, em 1850, o mapa desse tesouro que eles esconderam na Ilha da Trindade”. Entre 1880 e 1889, são feitas três expedições inglesas ao local, 1,2 mil quilômetros distante da costa brasileira. No entanto, devido a um desmoronamento, conforme explicou o orador da Tribuna Livre, o tesouro não foi localizado.

“E agora a gente volta para Curitiba. Em 1879, um inglês [Edward Young] imigrou para Curitiba e ficou sabendo, na Casa do Burro Brabo, uma parada de tropeiros na Estrada da Graciosa, de um velho inglês que morava escondido no meio do mato [hoje o Pilarzinho]”, prosseguiu o pesquisador. Eles então ficaram amigos, e Zulmiro revelou a verdadeira identidade. Ele contou ao conterrâneo que era de família nobre, havia estudado na famosa escola inglesa de Eton College e que teria sido oficial da Marinha.

Ainda no relato ao jovem Edward Young, Zulmiro disse que precisou desertar da Marinha Inglesa depois de matar um colega, numa briga de bar. Pouco tempo depois, abraçou a pirataria e “adotou o nome de guerra, outra identidade, o nome de Zulmiro”. Nos mares do Atlântico Sul, formou, com os outros capitães piratas Zarolho e José Sancho, o bando apelidado de “trindade maldita”. Eles usavam a Ilha da Trindade, no meio do Oceano Atlântico, para esconder os objetos saqueados. 

Ele também reportou ao conterrâneo como chegou a ser capturado por um navio inglês, mas escapou da pena de morte, mais uma vez, e veio parar em Curitiba. Acontece que o comandante responsável pela captura do corsário era amigo de Zulmiro e decidiu simular sua fuga, na região da Ilha de Superagui, hoje território paranaense, sob a condição de que ele abandonasse a pirataria.

“Nove dias depois, Zulmiro sobe a serra e chega a Curitiba, em 1829. E o Zulmiro ainda comenta com esse amigo dele, o Edward Young, que o tesouro estava escondido na ilha e entrega um roteiro de como encontrar o tesouro”, prosseguiu o pesquisador. Young se muda para o Rio de Janeiro e, em 1896, lê uma reportagem, no antigo jornal “Gazeta de Notícias”, sobre as expedições inglesas em busca do tesouro, baseadas no mapa entregue por Zarolho.

“O Edward Young, quando viu isso, se lembra da história do pirata”, continuou Marcos Juliano Ofenbock. O britânico chega a propor uma nova expedição ao presidente brasileiro, Prudente de Moraes, mas não consegue obter o apoio e passa a mandar cartas à imprensa, nas quais garante ter o roteiro para localizar o tesouro. Young foi assassinado, pouco tempo depois, dentro da própria casa.

“A história desaparece da imprensa e, 14 anos depois, o roteiro do tesouro é encontrado em Lorena, em São Paulo [em 1910]”, disse o convidado da Tribuna Livre. Entre 1910 e 1912, foram realizadas quatro expedições brasileiras à Ilha da Trindade. Nas décadas seguintes, surgem as primeiras histórias sobre Zulmiro, o pirata radicado no Pilarzinho, além da versão de que o tesouro teria sido escondido em antigas galerias subterrâneas da cidade de Curitiba. 

Tesouro do Pirata Zulmiro deve ser destinado a museus

Munido de documentos que comprovam a história, Ofenbock obteve, em 2019, o reconhecimento da Prefeitura de Curitiba de que a história era verdadeira, e não uma lenda urbana. O projeto de uma nova expedição à Ilha da Trindade surgiu em 2022 e o pesquisador chama a atenção para o avanço tecnológico em comparação à época em que as buscas anteriores foram realizadas. Hoje, explicou, podem ser usados detectores de metais 3D e um radar de penetração do solo com drones. 

De acordo com ele, a ideia é captar recursos para a expedição junto à iniciativa privada e destinar o tesouro a museus. Entre outras ideias, Ofenbock planeja um documentário sobre a história e a construção de uma estátua do Pirata Zulmiro no Cemitério Municipal São Francisco de Paula, onde seu corpo foi sepultado. “Não tem mais o túmulo dele, seria uma estátua do pirata apontando para a Ilha da Trindade.”

“O prefeito Eduardo Pimentel está totalmente do nosso lado, apoiando de forma muito grande”, assegurou o convidado da Tribuna Livre. “É um ativo turístico e cultural muito grande, […] o último capitão pirata do mundo veio se esconder em Curitiba, líder do bando que escondeu o maior tesouro pirata do mundo em uma ilha vulcânica no meio do Oceano Curitiba.”

Depois da apresentação, Ofenbock recebeu o apoio dos vereadores Rafaela Lupion (PSD), Sidnei Toaldo (PRD), Delegada Tathiana Guzella (União), Serginho do Posto (PSD), Olimpio Araujo Junior (PL) e Fernando Klinger (PL). “É cultura, é história, é propiciar também para as nossas crianças este momento lúdico”, elogiou Lupion. Ela também ressaltou que a cidade conta, desde junho do ano passado, com o parquinho do Pirata Zulmiro, localizado no bosque Gutierrez, no bairro Vista Alegre. 

Toaldo parabenizou Ofenbock por levar “o nome de Curitiba não só ao Brasil, mas ao mundo todo”. Guzella comentou que “é uma vida” dedicada à pesquisa, comprovando a existência do Pirata Zulmiro. “O Marcos encontrou uma missão na vida dele, a busca desta história, […] defenda Curitiba, nos ajude a gerar emprego, gerar visibilidade”, completou Klinger.

Serginho frisou a “chancela” do IGHPR, do qual Ofenbock é diretor, à pesquisa histórica. “O Instituto tem não apenas registros, mas ele cataloga, ele busca a história e ele nos dá toda esta segurança e a responsabilidade da história que vossa senhoria nos conta hoje”, observou. “Eu acho que a história tem que ser contada, senão ela é esquecida.”

Para Olimpio Araujo Junior, “não é apenas uma história que nós estamos vendo aqui”. “Eu não consigo ter nem noção do tamanho que isso pode se transformar se tiver o apoio correto, tanto de empresas do setor privado quanto do setor público, […] uma história como essa pode incentivar muito a economia local, pode incentivar a geração de empregos, a geração de riquezas.”

“Grandes surpresas nos aguardam nos próximos capítulos”, celebrou Eder Borges. “É uma história que vai colocar Curitiba no mundo, é uma história inspiradora”, completou o vereador nos encaminhamentos finais da Tribuna Livre. Ele adiantou que deve reunir assinaturas para sugestões ao Executivo e moções em apoio à promoção da história do Pirata Zulmiro.

Quer saber mais sobre a história do Pirata Zulmiro? Assista ao programa do CMC Podcasts.

Leia também

Comissão autoriza tramitação de 10 projetos na Câmara de Curitiba

Atualização do Código Tributário de Curitiba tramita com urgência

Notas da CMC: 10 assuntos em pauta no Legislativo neste 21 de maio

Aprovada moção contra unidade do Mesa Solidária no Terminal Guadalupe

Projeto sobre merenda vegana nas escolas é arquivado na Câmara de Curitiba

Assuntos Câmara
Compartilhar este artigo
Facebook Twitter Email Copy Link Print
Painel Informe Manaus de Satisfação: Gostou da matéria?
Love0
Angry0
Wink0
Happy0
Dead0

Você pode gostar também

Comissão autoriza tramitação de 10 projetos na Câmara de Curitiba

21 de maio de 2025

Atualização do Código Tributário de Curitiba tramita com urgência

21 de maio de 2025

Notas da CMC: 10 assuntos em pauta no Legislativo neste 21 de maio

21 de maio de 2025
Aprovada moção contra unidade do Mesa Solidária no Terminal Guadalupe
Câmara

Aprovada moção contra unidade do Mesa Solidária no Terminal Guadalupe

21 de maio de 2025

Projeto sobre merenda vegana nas escolas é arquivado na Câmara de Curitiba

21 de maio de 2025
Centro Captare será declarado de Utilidade Pública Municipal
Câmara

Centro Captare será declarado de Utilidade Pública Municipal

21 de maio de 2025
Informe CuritibaInforme Curitiba