União de esforços, ampliação dos diálogos e o compromisso com a sanidade da citricultura. Essas foram as ideias que nortearam os debates do Simpósio de Sanidade Agropecuária realizado quarta-feira (14), na programação da 50ª edição da ExpoIngá. Durante o evento, representantes do Sistema Estadual de Agricultura (Seagri) destacaram a integração com os municípios no controle do greening, também conhecido como HLB (Huanglongbing), uma das doenças mais graves que afetam os citros e resultando em prejuízos à produção.
Durante o simpósio também foram apresentadas técnicas de controle, informações sobre os sintomas da doença, e ações de manejo. As estratégias são definidas a partir das características do greening, que envolvem a rápida disseminação, as dificuldades de controle de transmissão e os impactos à plantação. No Brasil, a bactéria Candidatus liberibacter spp é o agente causal do HLB. E afeta plantas de praticamente todas as espécies cítricas. A transmissão acontece por meio do psilídeo asiático, inseto que se assemelha a uma cigarra minúscula.
O diretor-presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Otamir Cesar Martins, ressaltou a importância da ação conjunta no combate à doença. “Para continuarmos sendo um estado com destaque na citricultura, é essencial que o poder público, produtores e agroindústrias trabalhem em conjunto”, afirmou.
Segundo o diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Natalino Avance de Souza, a necessidade de atenção e mobilização é essencial para a economia paranaense. “Se não enfrentarmos essa doença com competência, de forma integrada e com parcerias, corremos o risco de perder um ativo econômico importante para o Estado e para a região Noroeste”, pontuou.
DADOS – De acordo com o relatório de Valor Bruto da Produção (VBP) de 2023, feito pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Adapar, a citricultura é o segmento mais representativo da fruticultura no Paraná. As três principais culturas, laranja, tangerina e limão, foram cultivadas em 29,3 mil hectares. A laranja lidera com 20,8 mil hectares, seguida pela tangerina e pelo limão com 7,1 mil e 1,3 mil hectares respectivamente.
INTEGRAÇÃO MUNICIPAL – A articulação entre o Seagri e os municípios foi exemplificada por meio do trabalho realizado em Paranavaí, município do Noroeste paranaense, no início do ano. O secretário municipal da Agricultura, Tarcísio Barbosa de Souza, destacou a importância de ações em de combate ao greening no perímetro urbano. “É importante que os prefeitos estejam à frente dessa luta, junto com a Adapar e o setor produtivo, para manter a citricultura forte e saudável no Paraná”, salientou.
Em janeiro, o município, com apoio da Adapar, iniciou a erradicação de plantas cítricas e da murta, uma espécie ornamental hospedeira do greening, nas áreas urbanas. Segundo dados da prefeitura, 1.400 plantas já foram retiradas de 442 residências visitadas. A meta é erradicar de 15 a 20 mil plantas nos próximos 100 dias.
Para o diretor de Defesa Agropecuária da Adapar, Renato Young Blood, é necessário compreender as consequências do greening e a importância de agir. “Estamos diante do maior desafio fitossanitário da atualidade e vivemos um momento histórico, porque o trabalho que o Paraná vem desenvolvendo é único”, sinalizou.
AÇÃO ALTERNATIVA – O engenheiro agrônomo Humberto Godoy Androcioli, do IDR-Paraná, apresentou uma alternativa para o combate ao greening. Segundo ele, uso da Tamarixia radiata, uma vespa que atua no controle biológico do psilídeo, é uma ação viável. “No campo, a Tamarixia busca os ninhos do psilídeo para se reproduzir, e as larvas da vespa se alimentam desses hospedeiros podendo eliminar até 500 psilídeos, o que reduz significativamente os vetores e a incidência da doença”, explicou.
OPERAÇÃO – Em paralelo aos debates promovidos na ExpoIngá, 40 servidores da Adapar de estão unindo esforços para reduzir a Incidência de greening em Londrina e Cornélio Procópio, na Região Norte do estado. O trabalho iniciou nesta segunda-feira (12) e se estende até sexta-feira (16), com foco em pomares comerciais e em propriedades rurais e urbanas.