Nesta segunda-feira (31), em primeiro turno unânime, a Câmara Municipal de Curitiba apoiou a inclusão da campanha de promoção do conceito e dos profissionais da Saúde Única ou Uma Só Saúde no calendário oficial de eventos. “A saúde única, em linhas gerais, promove a saúde de todos os seres vivos, ser perder de vista a dos ecossistemas”, resumiu o autor da proposta, vereador Nori Seto (PP).
A campanha será anual e, preferencialmente, realizada na semana que compreende o Dia Nacional da Saúde Única, data celebrada em 3 de novembro, graças à lei federal 14.792/2024. As atividades de conscientização devem reunir congressos, seminários, exposições, cursos, palestras e ações comunitárias sobre a saúde única.
Com 33 votos “sim” na análise em primeiro turno, a proposta retorna à ordem do dia, na sessão desta terça-feira (1º), para a confirmação em plenário (005.00034.2024). O projeto de lei também recebeu uma com emenda modificativa, acatada de forma unânime, em que foi ajustado o período indicado para a realização da campanha (034.00008.2024).
A conscientização à saúde única e ao papel interligado dos diferentes profissionais que se dedicam à área, frisou Seto, “é um passo fundamental para garantir um futuro sustentável e saudável para todos nós”. O conceito de saúde única, explicou ele, foi construído por organizações internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
“O conceito de saúde única tem como alicerce o reconhecimento da natural conexão entre a saúde humana, animal, vegetal e ambiental, incentivando, assim, a comunicação, cooperação, coordenação e colaboração entre diferentes disciplinas, profissionais e instituições para fornecer soluções de maneira mais abrangente e efetiva; tudo isso com o objetivo de preservar e manter a saúde global“, afirmou Seto.
“Este conceito envolve vários profissionais, como médicos, médicos veterinários, biólogos, agrônomos, sanitaristas, ecologistas e nutricionistas, entre outros, que, unindo esforços, realizam pesquisas, elaboram políticas e implementam programas multissetoriais com o propósito de contribuir para ações de saúde pública e, consequentemente, para a saúde global’, continuou o vereador.
Quais os exemplos da saúde única?
Nori Seto apresentou exemplos da aplicação do conceito, como a ação conjunta de médicos veterinários, agentes de saúde pública, médicos epidemiologistas e educadores em saúde para a realização de campanhas de vacinação animal, no campo e na cidade, para a prevenção da raiva.
Outros exemplos práticos do conceito, enumerou o autor, são a atuação de diferentes segmentos profissionais para o controle de doenças como a leptospirose e a tifo, que têm como vetores os roedores, e a dengue, a chikungunya e a zika vírus, transmitidas pelo Aedes aegypti.
A ação conjunta, reforçou, também pode evitar ajudar na detecção preventiva de potenciais zoonoses e evitar o surgimento de pandemias, como a da covid-19. Além disso, Seto mencionou os esforços conjuntos para promover o uso racional de antibióticos em animais de produção, reduzindo o risco de surgirem bactérias resistentes.
No debate do projeto de lei, a presidente da Comissão de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Assuntos Metropolitanos, Andressa Bianchessi (União), chamou a atenção para o impacto das zoonoses, em especial para o surto de esporotricose animal. “Esta campanha de conscientização é importantíssima para que a gente possa evoluir no cuidado humano, no cuidado animal e, é claro, no cuidado com o meio ambiente”, destacou.
A proposta também recebeu o apoio de Camilla Gonda (PSB). Para a vereadora, a conscientização da sociedade à visão mais ampla da saúde contribui tanto para a construção de uma cidade mais humana e quanto para a prevenção e o controle de doenças.