Na próxima segunda-feira (14), às 19h, no auditório Eny Caldeira, do campus Rebouças da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o especialista em educação Fernando Hernández, da Universidade de Barcelona, fará uma palestra sobre a reorganização dos currículos escolares. O convite para que os vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) participem do evento internacional foi feito, nesta quarta-feira (9), por Maria Inês Galvão, da Escola Trilhas, e por Luci Serricchio, do Colégio Marista Anjo da Guarda. “Precisamos fortalecer a formação [técnica] na Educação Infantil, por isso esse evento é muito importante”, justificaram.
Maria Galvão e Luci Serricchio participaram da Tribuna Livre da CMC, convidadas pelo vereador Angelo Vanhoni (PT), para discutir os desafios da Educação Infantil em Curitiba (076.00014.2025). “[De 0 a 5 anos] ocorre uma intensa formação de conexões neuronais, influenciadas por estímulos do ambiente, interações sociais e experiências sensoriais que favorecem a construção de conhecimento sobre o funcionamento do mundo e as relações entre as pessoas, que são essenciais para o desenvolvimento”, destacou Maria Galvão, que fez a fala inicial aos vereadores.
“Embora as crianças de 0 a 5 anos sejam pequenas, e muitas ainda não se comuniquem verbalmente, ou caminhem com autonomia, seus sentidos estão em alerta, absorvendo todas as sensações e informações ao seu redor, por isso é fundamental proporcionar a elas o maior número possível de experiências. O que nos preocupa, educadoras e educadores, é a forma como essa fase da vida é percebida pela sociedade. Infelizmente, ainda há quem acredite que, por serem pequenas, essas crianças precisam apenas de cuidados básicos, um olhar de quem gosta delas e de um espaço mínimo para brincar”, alertou a gestora da Escola Trilhas.
“Um olhar limitado para as crianças de 0 a 5 anos de idade ignora que é na primeira infância que o cérebro se desenvolve com maior rapidez, abrindo todas as possibilidades de aprendizagem. Por isso as escolas não devem acelerar nem subestimar a capacidade das crianças pequenas. [Pedimos a vocês vereadores que] dediquem recursos às escolas infantis e à formação de seus educadores e educadoras”, colocou Maria Galvão, dando como exemplo um projeto da escola Trilhas. “Por 20 anos, a Trilhas recebeu, em sua sede, mais de 500 professoras de CEIs e CMEIs, aos sábados, com apoio voluntário da nossa equipe, para oferecer formação gratuita”, exemplificou.
Maria Galvão lamentou o encerramento desse projeto, chamado Trilha Solidária de Formação, justificando que isso aconteceu na pandemia, em razão do impacto financeiro da suspensão das aulas nas escolas de Educação Infantil. “Com todas as dificuldades financeiras que ainda persistem, advindas desse período [da covid-19], ainda não foi possível retomar [as atividades de formação com profissionais da rede pública]. Durante a pandemia, foram as escolas de Educação Infantil as mais prejudicadas, fechando em maior quantidade, porque não havia como funcionar de forma virtual. Após a pandemia, muitas famílias se acostumaram com a ideia de que elas poderiam ficar em casa, sem compreenderem que elas estão perdendo muito sem a escola”, disse.
“Em função dessa evasão, as escolas particulares vêm sofrendo com falta de matrículas e de recursos. Com a perda de poder aquisitivo após a pandemia, houve excesso de demanda nas escolas públicas, que não puderam atender todos os pedidos de matrículas. Além disso, as escolas têm recebido de 15% a 25% de crianças que precisam de equipes especializadas para orientar o trabalho junto aos professores, além de tutores remunerados”, alertou Maria Galvão. “A criança não precisa só de acolhimento afetivo, precisa de acolhimento intelectual”, completou Luci Serricchio.
A Tribuna Livre foi transmitida ao vivo pelo canal da CMC no YouTube, registrando as intervenções de Serginho do Posto (PSD), Delegada Tathiana Guzella (União), Andressa Bianchessi (União), João 5 Irmãos (MDB) e Vanda de Assis (PT), que se colocaram à disposição para aprofundar o debate sobre a Educação Infantil em Curitiba, apresentando projetos de lei e avaliando a possibilidade de aportar recursos em atividades formativas.