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Entre famílias de instrumentos, movimentos e disposição: como funciona a Orquestra Sinfônica

22 de maio de 2025
Entre famílias de instrumentos, movimentos e disposição: como funciona a Orquestra Sinfônica
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Na linguagem popular, quando alguma coisa é orquestrada, significa que ela foi muito bem organizada, pensada nos mínimos detalhes. A expressão se remete justamente às orquestras musicais, que reúnem instrumentos variados, tocados de forma harmoniosa, mesmo sendo executados por algumas dezenas de pessoas.

E para atingir essa harmonia, a organização é imprescindível. Por isso, na data em que se celebra os 40 anos da Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP), músicos e o maestro do corpo artístico ajudam a explicar como uma orquestra é formada, seguindo uma organização pré-definida, mas que pode ser adaptada conforme a peça a ser executada ou o espaço onde o concerto é apresentado. A reportagem faz parte da série especial produzida pela Agência Estadual de Notícias (AEN) sobre os 40 anos da OSP.

“A orquestra sinfônica é uma das maiores representações de uma interação, de uma integridade não só musical, mas também como humanidade. São pessoas que se juntam para fazer música e constroem uma relação muito bonita e significativa que exige, em primeiro lugar, uma disciplina muito grande”, afirma o maestro da Orquestra Sinfônica do Paraná, Roberto Tibiriçá.

As orquestras são compostas por três famílias ou naipes instrumentais: as cordas, o sopro – que se divide entre os instrumentos de madeira e os de metal – e a percussão. Cada naipe tem uma disposição no palco, de acordo com a frequência do som que chegará à plateia. Ao redor do maestro que rege os músicos estão as cordas. Os sopros de madeira ficam logo atrás, funcionando como uma ligação entre as cordas e os metais. No fundo, fica a família da percussão, com som mais forte.

Atualmente, a Orquestra Sinfônica do Paraná conta com 73 músicos, mas ela pode reduzir ou aumentar de tamanho conforme a peça que será executada. Um exemplo é a “Sinfonia nº 2” de Gustav Mahler, que será apresentada na próxima semana em celebração aos 40 anos da OSP. O palco do Guairão vai receber quase 200 músicos, sendo 110 instrumentistas e um coro de 80 vozes.

“O tamanho da orquestra é relativo ao compositor, à obra que vai ser executada e, às vezes, tem relação ao teatro em que se apresenta”, explica Tibiriçá. “Os compositores russos e franceses, principalmente, usam uma orquestra maior. Já Mozart, Heiden e Beethoven, na sua primeira fase, usam uma orquestra menor, que chamamos de orquestra clássica, de 40 músicos”.

Alexandre Brasolin, violinista da OSP e maestro convidado nos concertos do projeto Guaíra para Todos, cita alguns exemplos. “Se vamos fazer um Mozart, usamos uma média de 40 a 50 músicos. Agora, se for fazer um Tchaikovski já sobe para uns 80 ou 90 músicos. Se vai fazer um Mahler ou um Richard Strauss, pode passar de 100 músicos. Grandes orquestras podem chegar 120 músicos, dependendo do repertório, do compositor e da época em que a peça foi composta”, conta.

Ele ressalta que, ao surgirem na Europa no período barroco, no século XVII, as orquestras não eram muito numerosas. “Elas surgiram nos castelos, tocando para os reis ou nas igrejas. Basicamente foi Beethoven que aumentou as orquestras, já no século XVIII, fazendo composições mais pesadas e acrescentando instrumentos. Ele colocou mais sopros, mais percussão e, com isso, teve que aumentar as cordas para equilibrar”, explica.

“A orquestra começou então a ganhar mais força sonora e os compositores também ampliaram suas composições. Quando chegou ao começo do século XX, havia praticamente uma competição de compositores para ver quem compunha para orquestras maiores”, complementa Brasolin.



Na disposição da orquestra, a família dos violinos e cordas fica à frente no palco. Foto: Roberto Dziura Jr./AEN

FAMÍLIA DAS CORDAS – Formada pelos primeiros e segundos violinos, violas, violoncelos e contrabaixos – às vezes também pela harpa e o piano –, a família das cordas é a mais numerosa em uma orquestra e funciona como uma cama que dá base à composição. Os instrumentos geralmente tocam em uníssono a mesma melodia, mas dependendo da peça musical, também têm seus momentos solos.

“Dependendo do compositor, há momentos em que se abre a harmonia, a melodia pode estar nos violoncelos ou nos violinos, enquanto os outros fazem a harmonia ou outro desenho”, explica Brasolin. “Já em orquestrações maiores, como as de Tchaikovski, usa-se muito o uníssono. Quando a orquestra toda está tocando, ele põe as cordas em uníssono para soar mais forte e o som das cordas não se perderem na massa de metais”.

Na disposição da orquestra, é a família que fica à frente no palco, ao redor do maestro, dentro de uma gradação que inicia com os instrumentos mais agudos até os mais graves: primeiros violinos, segundos violinos, violas, violoncelos e contrabaixo. Historicamente, essa disposição dos instrumentos obedece a formação de vozes do coral, também gradativa de acordo com o tom: soprano, contralto, tenor e baixo.

“As cordas ficam na frente porque tem um som mais baixo para competir com os metais e a percussão”, ressalta o músico. “Como a orquestra não usa amplificação, não usa microfones, é a própria acústica do teatro que vai levar esse som até a plateia, então tem que ter essa disposição para ouvir melhor”.



As orquestras são compostas por três famílias ou naipes instrumentais: as cordas, o sopro e a percussão. Foto: Kraw Penas/SECC

FAMÍLIA DO SOPRO – Logo na sequência no palco está a família do sopro, que é divida em duas: as madeiras e os metais, conforme o material que os instrumentos são feitos, que conferem timbres diferentes. Formado pelas trompas, trompetes, trombones e tubas, os metais são os instrumentos com mais potência sonora, os que mais aparecem em uma orquestração.

Já o naipe das madeiras é formado pela flauta – que apesar de atualmente ser fabricada em metal, era antigamente feita de madeira, por isso pertence a essa classificação – oboé, fagote e clarinete. Por terem um timbre mais adocicado, ficam no meio da orquestra e servem como um elo entre as cordas e os metais.

“Basicamente, as famílias das orquestras estão divididas em timbres, e é essa diferença que mostra a riqueza da música sinfônica. As madeiras têm uma potência um pouco menor, mas têm um timbre adocicado e soam mais do que as cordas”, explica o flautista Sebastião Interlandi Junior, que está na Orquestra Sinfônica do Paraná desde a sua fundação. “Os compositores adoram fazer essa mistura de timbres entre os metais, as madeiras e as cordas, que formam a cama para os sopros deitarem”.

Os timbres, como destaca o músico, são como a cor do som. “Quando você ouve um clarinete, você sente aquele som meio escurecido. A flauta tem um som brilhante, que evoca a luz. O trombone é uma coisa grave e potente e a tuba mais profunda. Esses são os timbres, a imagem que passa quando se ouvem os instrumentos”, diz.

Outra curiosidade sobre os instrumentos de sopro é que, diferentemente das cordas, eles tocam separadamente as harmonias, fazendo cada um seu solo no meio da orquestração. E não é raro utilizar esses instrumentos para associá-los aos sons da natureza. “Os compositores podem associar os instrumentos com o que quiserem, e essa é a manha e a magia da música, porque o ouvinte embarca junto. A flauta geralmente é o passarinho, não tem como fugir disso”, brinca o flautista.

“Na peça ‘Pedro e o Lobo’, por exemplo, que tem a representação de vários animais, isso fica muito claro. O clarinete é o gato, porque assim como o animal, tem um som meio malandro, que anda devagar e chega nas sombras”, ressalta Sebastião. “Também aparecem os lobos, que são os metais que fazem, as trompas, justamente porque é um som mais agressivo como o dos lobos”



O maestro é o condutor da orquestra. Foto: Roberto Dziura Jr./AEN

FAMÍLIA DA PERCUSSÃO – A percussão é a turma do fundão em uma orquestra, justamente pela força sonora de seus instrumentos. Na história da música, os instrumentos de percussão são os mais antigos e remetem às primeiras manifestações musicais do ser humano, que utilizavam elementos encontrados na natureza para batucar, como troncos, galhos e cascas de árvores.

Dentro de uma orquestra, a família da percussão é a que tem o maior número de instrumentos: tímpano, bumbos, caixas, prato, triângulo, pandeiro, xilofone, marimba, chocalhos e diversos outros que podem ser incorporados ao gosto do compositor. Um exemplo foi Heitor Villa-Lobos, que incluiu uma série de elementos regionais brasileiros nas composições sinfônicas, incluindo instrumentos como o pandeiro do chorinho, outros de origem indígena e alguns que ele mesmo inventava.

O tímpano é o instrumento de percussão base em uma orquestra. Originalmente utilizado em guerras, foi levado dos países do Oriente para a Europa no período das Cruzadas e acabou, mais tarde, incorporado à música clássica. “Esses instrumentos eram tocados em cima dos camelos e utilizados para se comunicar durante as batalhas. Assim como as trompas e trompetes, que eram usados para a comunicação dos exércitos, a percussão também era usada para esse fim”, conta Márcio Szulak, percussionista da Orquestra Sinfônica do Paraná.

Além dele, a percussão pode ser separada entre tambores e acessórios (bumbo, caixa, tom-tom, tumbadora, bongô, pandeiro, triângulo e pratos) e os “teclados da percussão”, como o xilofone, vibrafone e marimba, que são instrumentos de percussão que, semelhante ao piano, emitem sons melodiosos.

“Essas teclas são montadas em um móvel. Em baixo tem as teclas cromáticas de dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó e, logo acima, as outras teclas para fazer os sustenidos e bemóis, como as teclas brancas e pretas do piano”, explica o percussionista. “A gente toca com baquetas diferentes, geralmente com quatro. Algumas músicas são seis baquetas, três em cada mão”.

Na orquestra, o percussionista acaba se tornando um múltiplo instrumentista. “Em uma mesma música, acabamos tocando vários instrumentos. Temos uma lista do que será executado para organizar a montagem dos instrumentos. Quem toca violino, por exemplo, está sempre com o mesmo instrumento. A percussão tem que pensar na questão da montagem, é feito um mapa de palco para dividir a localização de cada instrumento”, ressalta Márcio.

MOVIMENTOS DO MAESTRO – E é para tornar a execução dessas dezenas de instrumentos, muitos deles tão distintos, em uma apresentação harmoniosa é que entra a figura do maestro. Ele conduz e coordena a orquestra para garantir que os músicos toquem em sintonia. Seu instrumento são as próprias mãos ou a extensão delas, representada pela batuta, que conduzem os movimentos dos músicos para que as partituras sejam interpretadas de forma harmônica.

“Para falar de forma didática, a mão direita do maestro é como o acelerador de um carro. Se você começa a reger mais rápido, a orquestra toca mais rápido. Se começa a diminuir, a orquestra quase para. É o metrônomo, a mão que dá andamento à obra”, explica o maestro Roberto Tibiriçá. “A batuta está nessa mão e é um prolongamento do braço direito. Em uma orquestra muito grande, ajuda os músicos do fundo a enxergar melhor. Mas eu brinco que, na prática, a batuta não serve para nada”.

“A mão esquerda é a mão do coração, que dá a expressividade à obra e traz diferenças sonoras à orquestra. É com ela que você chama o músico, o induz a se expressar, a tocar um solo mais bonito. Eu falo que é como um elevador. Quando a mão esquerda sobe, a orquestra toca mais forte. Quando baixa, ela toca mais piano”, completa Tibiriçá.

Além dele, outra figura que chama atenção em um concerto é o spalla, o primeiro violinista e um dos assistentes do maestro. Ele senta à esquerda do maestro e lidera a afinação da orquestra quando sobe ao palco. O músico atua desde os bastidores, decidindo, por exemplo, a direção das arcadas dos primeiros violinos – o movimento dos braços na execução da música. Isso interfere nas escolhas dos demais naipes e influenciam tanto na interpretação musical, quanto no resultado visual da apresentação.

“Além de ter uma influência direta na interpretação, o movimento das arcadas também passa uma uniformidade musical que faz parte do show, influenciando na experiência da plateia. Quando a música é muito agitada, o público ouve e também vê essa agitação. E o contrário também, quando a música é calma, fazemos movimentos muito calmos para criar essa atmosfera e influenciar na forma como as pessoas apreciam a música”, conta Ricardo Molter, violinista e um dos spallas da OSP.

Outra tradição atribuída ao spalla é a afinação dos instrumentos no início do concerto. Antes de começar a execução, o músico levanta e pede ao oboé, que tem um timbre específico e de fácil distinção, para tocar uma nota. A partir dela, os outros músicos da orquestra afinam seus instrumentos.

“É uma questão de tradição, mas que hoje em dia não tem uma justificativa técnica, já que os músicos já vêm com os instrumentos afinados”, ressalta. “No palco, fazemos um último ajuste, porque muitas vezes os instrumentos reagem às variações de temperatura e umidade. Pode acontecer de afinar um instrumento na coxia, especialmente em dias frios, e ela mudar quando sobe no palco”.

40 ANOS – Esta reportagem integra a série especial produzida pela Agência Estadual de Notícias (AEN) em comemoração aos 40 anos da Orquestra Sinfônica do Paraná. Criada oficialmente em 28 de março de 1985, a OSP é composta por cerca de 73 músicos e é considerada um dos mais importantes conjuntos sinfônicos do Brasil.

Ao longo de cinco reportagens de texto, áudio e vídeo, a série aborda a história da OSP, os personagens que a construíram, curiosidades, o universo dos instrumentos e a atuação descentralizada que aproxima a arte de diferentes públicos.

Para celebrar suas quatro décadas de história, a Orquestra Sinfônica do Paraná terá três apresentações especiais, nos dias 28 e 29 de maio e 1º de junho, com a execução da “Sinfonia nº 2” de Gustav Mahler, conhecida como “Sinfonia da Ressurreição”, sob regência do maestro titular e diretor musical da OSP, Roberto Tibiriçá. Uma websérie documental com quatro episódios também será lançada nos canais do YouTube do Instituto de Apoio à OSP e do Teatro Guaíra.

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